COMUNIDADE QUILOMBOLA DO POVOADO TUPETE SOFRE COM FALTA D’ÁGUA E DE MORADIA

Moradores reclamam de abandono do poder público.

Por: Marcio Martins

Mais uma vez a história se repete com a chegada da seca, é o gado que começa a morrer de fome e de sede, os incontáveis prejuízos na lavoura e sobre tudo a falta d’água. Sem chuvas há mais de 04 meses os agricultores não sabem mais o que fazer, pois não tem como plantar e muito menos colher.

E assim como em diversas localidades por este país a fora, a comunidade quilombola do povoado Tupete em Canapi, vem passando por sérias dificuldades, principalmente com a falta de água e moradia, várias cisternas de placas do programa água para todos do governo federal foram construídas na comunidade, mas sem chuva o que se ver são apenas restos de areia que se acumulam no fundo dos reservatórios.

No povoado existe uma Associação de moradores e ao lado um grande reservatório com capacidade para mais de 40 mil litros de água, no entanto, o único carro pipa que abastecia semanalmente a região, fruto de um programa federal, teve seu contrato encerrado e não há garantia de renovação, para piorar, não há abastecimento por parte do poder público local.

Na associação funciona uma turma do PETI – Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, com aproximadamente 20 crianças, que assim como os adultos sofrem com a falta deste liquido absolutamente essencial para a vida, com é o caso da água. 

Outra grande preocupação dos moradores diz respeito a uma barragem existente na comunidade, isso porque mesmo que venha o período de chuva não há como armazenar água, uma vez que a mesma encontra-se aterrada. 

Tal situação chegou ao conhecimento do então secretário de transportes do município Vavá Mariano através do grupo de mulheres da comunidade, no entanto, o mesmo alegou que a máquina estaria quebrada, fato que segundo os moradores não seria verdade, pois teriam visto esta mesma máquina a serviço de um vereador dias depois.

Apesar dos problemas enfrentados por todos os moradores da comunidade, muitos não denunciam e não procuram se reunir para discutir o problema por medo de repressão, pois os que tem emprego, temem ser mandados embora e os demais de não receber as feirinhas que são entregues uma vez por ano na semana santa e a cada dois anos durante o período eleitoral, quando políticos da região vão a comunidade enganar os eleitores e iludilos com brindes e obrigações que deveriam cumprir durante todo o mandato.

A falta de moradia também é outro grande problema dos quilombolas, muitos ainda residem nas perigosas casas de taipa. Uma moradora que não quis se identificar chegou a nos mostrar sua antiga cozinha que havia desabado meses atrás e que por sorte não havia ninguém no momento do desabamento.

Reprodução

Este também foi um dos pontos que levaram o grupo de mulheres a recorrer ao poder público municipal, desta vez ao secretário de finança do município, irmão do prefeito José Hermes de Lima, que afirmou que pouco poderia fazer uma vez que no município não havia uma política de habitação e que o único projeto que iria ser implantado no município neste sentido, que seria a construção de unidades habitacionais não sairá do papel, no entanto, na ultima terça-feira (17) o secretário de obras do município esteve na comunidade, mas precisamente na casa em que a cozinha havia desabado, fazendo toda a metragem e o orçamento para a construção de uma nova moradia.

Neste mesmo dia o valente grupo de mulheres esteve na câmara municipal protocolando uma audiência com os vereadores para juntos buscar soluções efetivas para tentar resolver os problemas da comunidade.

Diante desta luta travada pela comunidade quilombola do povoado Tupete o Blog Canapi Agora se colocar a disposição de todos os canapienses e deixa um recado para as autoridades políticas deste município:

“Ignorar um direito legitimo dos cidadãos é uma violação aos princípios democráticos e de direito previstos na Constituição Federal, por esse motivo, qualquer repressão, perseguição ou omissão serão aqui denunciadas e posteriormente levadas à justiça. Portanto! Atentem a solução dos problemas dos cidadãos deste município, responsáveis por colocá-los nos referidos cargos que hoje ocupam para defender os direitos do povo e não do político que dizem representar”