Número de servidores lotados somente
no Ensino Fundamental sem inclusão dos professores chega a 1.036 entre
contratados e concursados conforme o último Censo Escolar (INEP/2017), 63,6%
maior que o recomendado pelo ranking de eficiência da educação.
Por: Marcio Martins
Créditos: Reprodução/Atlas da Eficiência
Que a EDUCAÇÃO é um dos
maiores problemas deste país, andando ali lado a lado com a saúde, segurança e
corrupção, isso todo mundo já sabe, porém, o que poucos sabem são os motivos
que levam a educação ao fosso em que se encontra e onde podemos identificar
esses gargalos. E o mais interessante é que não precisamos ir muito longe ou
mesmo fazer pesquisas mirabolantes para descobrir o óbvio, basta analisarmos os
dados educacionais do próprio município onde vivemos, e para isso, nada melhor
que os dados da mais completa e atualizada pesquisa em educação que existe no
país, o CENSO ESCOLAR (INEP/2017), o qual em Canapi, por exemplo, segundo revelou
o Atlas da Eficiência da Educação divulgado no último dia 04/12, o município tem
feito da educação um verdadeiro cabide de empregos. Os dados são assombrosos,
haja vista que somente no Ensino Fundamental (que não inclui a Educação
Infantil), Canapi possuía conforme o último censo escolar (INEP/2017) 1.036
servidores, isso sem contar com os professores que somavam 151 para um universo
de 3.103 alunos matriculados.
De acordo com o relatório, o
número de servidores lotados no Ensino Fundamental da Rede Municipal de
Educação de Canapi é 63,6% maior que o recomendado pelo ranking de eficiência
da educação, o qual estabelece para cada 100 alunos um total de 12 servidores
(exceto docentes), mas que em Canapi esse número chega a 33 para cada 100
alunos, ou seja, quase o triplo do recomendado. O relatório também apontou que
não é apenas o número de servidores lotados na educação de Canapi que está
bastante elevado, como também o de professores que atingiu 20% a mais que o
ideal que seria de 04 para cada 100 alunos, mas que em Canapi havia 05 para cada
100 alunos.
Os dados são claros e não
deixam dúvidas que em Canapi a educação de fato virou cabide de empregos, no
entanto, para melhor entendimento de todos, damos como exemplo uma escola com
100 alunos e 04 salas de aula com 25 alunos cada, para 04 professores e 12
servidores entre vigias, serviçais, merendeiras e outros profissionais de apoio,
este seria o exemplo ideal segundo o Atlas da Eficiência da Educação, contudo,
neste mesmo exemplo, esta mesma escola com 100 alunos e 04 salas de aula com 25
alunos cada, em Canapi funcionava em 2017 com 05 professores e 33 servidores. É
ou não é de fato um absurdo?
Mas não para por ai, o
relatório ainda apontou que Canapi gastou (investiu) por aluno do Ensino
Fundamental em 2017, R$: 5.283,44 (Cinco mil, duzentos e oitenta e três reais e
quarenta e quatro centavos) quando o ideal seria 30,9% a menos, ou seja, R$:
3.650,94 (Três mil seiscentos e cinqüenta reais e noventa e quatro centavos)
pudera, afinal de contas, para pagar tanta gente seria de fato preciso
desembolsar muito mais que o recomendado, numa clara sinalização de que o
dinheiro da educação não está sendo destinado para onde de fato deveria ou no mínimo
é mal gerido, afinal de contas, mesmo com 20% de professores a mais que o
ideal, 63,6% de servidores e gastando (investindo) 30,9% a mais por aluno do
Ensino Fundamental, em 2017 Canapi ficou 51,2% abaixo da nota de Proficiência
do Ensino Fundamental com apenas 4,82 quando o valor ideal seria 7,29 o que nos
leva a ocupar a posição 73ª no Ranking de Eficiência da Educação em meio aos
102 municípios do estado, caracterizado de ineficiência critica, atrás
inclusive dos municípios de Mata Grande que ocupa a posição (65ª) também com o
rótulo de ineficiência critica em educação e do município de Inhapi, melhor
colocado entre os três municípios do chamado “triangulo das bermudas” batizado
pejorativamente pelo MPF, ocupando a 24ª colocação com ineficiência moderada, o
que garantiu ao município uma das melhores gestões em educação de todo o sertão
alagoano.
Em contato com a secretaria
municipal de educação, procurada para comentar o assunto, fomos informados que
os dados como bem mencionados na matéria são relativos ao Censo Escolar 2017,
ano no qual o município iniciou seu processo de recuperação administrativa após
o caos deixado pela gestão anterior, mas que muita coisa já teria sido colocada
em ordem este ano e muito mais em 2019 com a implantação do PCCV – Plano de
Cargos, Carreiras e Vencimentos dos professores e servidores da educação que
deve culminar com o enxugamento da folha. Ou seja, fica evidenciado que com
relação aos dados do Censo Escolar (INEP/2018) haverá pouquíssimas mudanças
significativas perante a “tragédia” educacional de 2017, mas que em 2019 tudo
entrará nos trilhos.
Vale destacar que a pesquisa
em nada desmerece a atuação dos profissionais que fazem a educação acontecer em
Canapi ou em qualquer outro município brasileiro, apenas apresenta onde estão
os erros, indicando parâmetros a serem seguidos para que estes municípios atinjam
os índices satisfatórios em eficiência da educação, assim como levanta dados a
serem tratados com maior preocupação da sociedade e dos órgãos fiscalizadores
para que excessos sejam repreendidos, uma vez que os gestores públicos de forma
alguma podem fazer da educação um toma lá da cá, aquém da necessidade do município
visando garantir a permanência do seu grupo político e ou oligarquia no poder.
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A Redação - 11/01/2017