domingo, 22 de maio de 2011

DE QUE VALE TANTA ORAÇÃO SEM OBRA?

Por: Marcio Martins

O rumo que a sociedade vem tomando é de assustar qualquer um, a falta de humanidade de algumas pessoas chega a impressionar e a quantidade de pessoas que se omitem diante dos fatos é preocupante.

Alguns lideres formadores de opinião que podiam pelo menos amenizar tanta violência, corrupção e covardia conscientizando as pessoas, parecem não está nem aí, claro que toda regra tem exceção, mas se olharmos ao nosso redor veremos o quanto são omissos e despreocupados.

Um grande exemplo disso vem dos lideres religiosos que pregam a seus seguidores apenas sobre a vida espiritual desprezando a vida terrena, parece até que violência, corrupção e todos os outros problemas sociais não fazem parte do seu dia-a-dia.

De que vale a oração sem obra?

Quantas igrejas você conhece por este país a fora que realizam obras sociais e participam de mobilizações pela paz, contra a pedofilia, contra o aborto, contra o abuso e exploração sexual infantil e contra os corruptos que direta e indiretamente são responsáveis por todos os problemas sociais deste país?

Mateus (5/ 6, 9 e 10)

Felizes os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados
Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.
Felizes os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino do céu.

Como já havia dito antes, que toda regra tem exceção, trago abaixo um texto do Pastor Adriano Trajano da Igreja Batista de Chã Preta-AL, no qual o mesmo relata sua indignação quanto à omissão dos religiosos, quando o assunto são os problemas sociais desta nossa vida terrena.

O Pastor Adriano Trajano e um exemplo de líder religioso que não pratica apenas oração e pregação, mais promove obras sociais e conscientiza seu povo sobre os problemas da humanidade.

17 de Maio de 2011

Os dados do censo IBGE 2010 não me surpreenderam. Estou no interior do estado de Alagoas há quase 6 anos e já deu para presenciar um pouco nossa realidade social, principalmente a religiosa, contexto que conheço um pouco mais.
De acordo com o censo 20, 4% da população alagoana vive em situação de extrema pobreza, friso, extrema pobreza, não consta aqui os apenas pobres ou desassistidos do básico para sobreviverem. Alagoas perde apenas para o Maranhão 24% e Piaui 21% ambos os estados estão no páreo da desigualdade e exclusão social. Dois terços da população alagoana são de pobres, isto equivale a 60,42%.
Os dados mostram 8,5% da população brasileira de pessoas em situação de extrema pobreza, isto corresponde a 16,2 milhões da população sendo quase 60% na região Nordeste, 9,6 milhões (onde estou inserido) dos quais a maioria é negra, jovens de 19 anos de idade. Lamentável.

Longe de mim generalizações, mas dentro desse trágico contexto está a religião miserável. Miserável por fazer ouvidos surdos à realidade que lhe cerca. Miserável por estuprar a consciência alheia com seus dogmas e tradições celestiais estranhos à terra. Miserável por excomungar lideranças que ousam pensar um Evangelho mais terreno. Triste religião. Miseráveis lideranças religiosas.
Religião miserável por ser apenas e quase unicamente um celeiro de almas sedentas e vazias de paz. Miserável por querer deter a única verdade em detrimento das verdades das outras. Religião miserável que não conscientiza, não mobiliza o povo, não provoca mudança alguma, não age, enfim, não faz nada de ‘anormal’.

Pobre religião miserável que elege políticos religiosos descompromissados com tudo, principalmente com Deus. Miserável religião que em nome da fé e da Bíblia ludibria o povo com promessas além morte. Paliativo barato. Religião miserável por ser conivente com as fedentinas políticas e conchavos mafiosos em prol de uma gorda conta bancária. Religião fedelha.
Religião miserável por assistir a tudo isso de braços cruzados. Miserável religião por ser omissa e ‘guardiã’ das portas do paraíso celestial de ouro e cristal. Miserável religião com seus ritos e costumes alienadores e hierarquias demoníacas sempre, sem coração e muito menos piedade. Religião injusta e colaboradora da miséria mental e da falta de senso de justiça entre os povos. Religião infrutífera, apodrecida.
Miserável apática e subserviente ao status quo. Fé à base do dinheiro. Fé à base das travessuras religiosas e doutrinárias, castigadoras no anonimato. Liderança sem alma, venais, hipócritas, construtores de patrimônios prostituidos. Maldita religião antisocial, anticultural, antipolítica, antiecológica, antimundo, antiBíblia, antideus, anticristo, antigente, antivida. Religião anti.
De quem é a culpa da extrema pobreza? Dos demônios políticos? Das lideranças religiosas perversas? Da religião inoperante? Da sociedade farisaica? Do povo ignorante, massa de manobra dos nossos representantes? Do poder público? De quem é a culpa? Das Universidades segregacionistas? Do mercado excludente? Da mídia invasora de lares? Dos fins dos tempos? De quem será a culpa da extrema pobreza?
Alagoas, o Nordeste e Brasil estão diante da religião miserável. O que a religião miserável tem feito? O que o povo religioso tem feito? O que as lideranças religiosas têm feito em meio a este caos? Onde está Deus? Onde está Cristo? Onde está o Santo Espírito? Onde estão as Sagradas Escrituras? Onde está a Fé? Onde está o Céu? Onde está o milagre? Onde está a salvação? Onde está tudo o que representa a vida e esperança de dias melhores aqui e agora? Religião miserável abra suas portas para o povo entrar.
Enquanto o carismatismo faz jorrar lágrimas de corações aflitos. Enquanto as agências de cura divina proporcionam alegrias passageiras. Enquanto a teologia da prosperidade promete os céus e a terra. Enquanto as ofertas ocupam o primeiro plano da mensagem evangélica. Enquanto o tradicionalismo histórico engessa mais mentes. Enquanto o espírito do poder assume o lugar do Espírito consolador. Enquanto o congelamento do Evangelho permanece mais vivo do que nunca. Enquanto os bens ocupam o lugar da vida. Aí está a religião miserável com suas vítimas cotidianas.

Miserável homem e líder religioso que sou, pois a cada dia descubro que não tenho feito quase nada para socorrer meu povo. Onde estou  em meio a mais de 600 mil pessoas empobrecidas?   Acredito que a religião miserável poderia deixar de ser miserável e assim atuar junto às causas do povo, com voz de denúncia junto aos políticos descompromissados com a dignidade e cidadania. A religião miserável deixaria de ser miserável agindo profeticamente a favor dos despossuídos e despossuídas desse rincão alagoano. 
A religião miserável deixaria de ser miserável procurando fazer a diferença onde está inserida, na construção de um mundo melhor: conscientizando a população para não eleger políticos corruptos e aproveitadores do dinheiro público; anunciando o Evangelho de libertação e integrador da vida; cuidando do planeta; promovendo vida plena e contribuindo no mínimo para diminuir esses dados alarmantes. Poderia também deixar de ser miserável calando a boca de políticos homicidas e usurpadores de esperança.
Mediante este contexto, resta saber se o povo quer de fato se livrar dessa religião miserável. Miserável povo ou miserável religião? Miserável político ou miserável eleitor? Quem arrisca responder?
Adriano Trajano
Pastor da Igreja Batista em Chã Preta/AL
pastoradrianotrajano.blogspot.com

Um comentário:

  1. comentar muitos comentam esta cheio de religioes exploradoras ai vem um pastor dizendo que se preocupa com o bem estar e com a vida na terra, mas existe exceções esperamos que sim.

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A Redação - 11/01/2017

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