sexta-feira, 14 de março de 2014

Concursado, Marcio Martins pede exoneração do serviço público municipal.

Blogueiro pediu demissão para ingressar na ONG Visão Mundial. Confira na íntegra a nota publicada pelo agora ex-servidor público neste blog.

Por: Redação
Nota: Marcio Martins

Há momentos e oportunidades na vida da gente que não podemos deixar passar, até porque não costumam bater duas vezes em nossa porta. Trabalhei cinco anos como Conselheiro Tutelar deste municipio, fui ameaçado, criticado, xingado, perseguido, enfim; sofri todo tipo de agressão moral que alguém possa sofrer, mas graças a Deus sobrevivi, graças a Deus e as inúmeras crianças que junto com meus companheiros de trabalho conseguimos salvar das mãos de estupradores, psicopatas, pedófilos e diversos outros tipos de criminosos, tudo em defesa dos direitos da criança e do adolescente, não porque éramos bem pagos para isso, até porque os conselheiros tutelares estão entre os profissionais mais mau remunerados do Brasil, embora façam um trabalho excepcional e ariscado e que só sabe do que estou falando quem um dia fez parte do órgão ou no minimo acompanha de perto a rotina dos conselheiros.

Apesar das dificuldades, tenho o conselho tutelar como uma escola, foi lá que aprendi a ser cidadão, a não me calar diante das injustiças desse mundo e a não baixar a cabeça diante dos "homens do poder". 

A principio foram três anos de mandato, até ser novamente submetido a avaliação popular sobre minha atuação como conselheiro, mais uma vez através do voto. Sai vitorioso, fui o mais votado, senti que havia cumprido meu papel, no entanto, dois anos depois tive que renunciar, assumindo o "tão sonhado emprego público", com o qual até poderia conciliar se optasse pelos rotineiros acordos políticos que as margens da lei mantem os fieis eleitores em quantos cargos queiram, mas não, essa não é minha conduta, não faz parte do meu caráter.

Mas o tão sonhado emprego público o qual me referi anteriormente, a muito tempo já havia deixado de ser um sonho, isso porque foram sete anos esperando a justiça corrigir uma das maiores picaretagens politicas já ocorridas neste municipio, para comigo e com pelo menos outros 50 companheiros. 

Aprovado em 1º lugar no Concurso Público municipal de 2005, por mediocridade  perseguição e safadeza politica não fui empossado. E o pior! não satisfeito o governante da época, ainda pulou o nome de minha esposa que também havia sido aprovada, vindo a ser efetivada somente um ano depois. 

Passei por perrengues que jamais desejaria a ninguem, afinal, dois aprovados em um concurso público e ainda sim desempregados por conta de politicagem era pra deixar qualquer um, no minimo desorientado da vida. Mas Deus foi, é e sempre será minha fortaleza, foi ele que não me fez baixar a cabeça, foi ele que me fez superar todas as barreiras.

O que era pra ser motivo de comemoração me fez reviver a revolta que senti durante todos os anos que antecederam o dia da posse. Se sentindo com o rei na barriga e como um homem público justo e solidário, tive que presenciar o "prefeito perseguidor" possar de bom moço, tendo a cara cínica de dizer que naquele momento devíamos o agradecer, pois o acordo proposto pela justiça só estava sendo possível porque disse ele que queria nos ajudar e que se não quisesse assim não o faria. 

Agradeço sim, não a ele, o qual não desejo o que me fez passar, mas ao SINDSCAN, seu advogado Dr. Antônio Alcântara e ao eminente magistrado, juiz substituto da comarca à época. Dr. Kleber Borba Rocha. De resto, só me resta recordar com profunda tristeza a atitude do ex-prefeito que não satisfeito com o mau que nos fez durante quase todo o seu mandato, ainda teve a capacidade de impor condições que feriram ainda mais os nossos direitos, nos colocando contra a parede, exigindo que renunciássemos as indenizações e sem que qualquer tempo de serviço fosse contabilizado a nosso favor. Diante disso, não tivemos outra saída, estávamos todos desempregados e o processo poderia levar anos na morosa justiça brasileira, só nos restou então aceitar o acordo.

Mas você pode estar se perguntando: Mas o que isso tem haver com meu pedido de exoneração? Ai eu lhe respondo: Absolutamente tudo! pois é por conta de tudo isso que não pude tirar uma licença sem vencimentos, pois de acordo com o regimento interno dos servidores públicos municipais seriam necessários no minimo três anos de trabalho, logo eu que fui aprovado em 1º lugar em 2005, mas só tinha uma ano em atuação como servidor público, empossado em 2012. A lei diz assim, mas até que eu poderia gozar da tal licença, através do conhecido jeitinho brasileiro, e "melhor ainda" recebendo sem trabalhar, como é o caso de muitos que conheço, mas isso é contra o meu caráter, contra a minha honestidade, contra os meus princípios étnicos e morais, coisa que pra muita gente não vale nada, mas que pra mim vale muito.

Mas é como diz o ditado: "não há males que não venha para o bem" graças a meu currículo na área Infanto-Juvenil fui selecionado para fazer parte da coordenação da ONG Visão Mundial, uma oportunidade impar, que me faz retornar a trabalhar com o que gosto, com o que durante cinco anos da minha vida dediquei dia e noite, afinal, defender, proteger e garantir a efetivação dos direitos da criança e do adolescente é uma missão apaixonante, que vai além das garantias salarias, pois atinge o campo da utilidade, do sentimento de não ser apenas mais um neste mundo marcado pelo egoísmo, pela individualidade, pela ganância e tantas outras mazelas da mente humana.

      “Caminhar, tropeçar, levantar e seguir em frente, esse é o segredo do sucesso”                          
 (Marcio Martins)








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A Redação - 11/01/2017

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