sábado, 27 de maio de 2017

CANAPI DOS EXCLUÍDOS! Enquanto milhões são desviados dos cofres públicos, dezenas de famílias canapienses vivem em condições sub-humanas de moradia.


Confira a reportagem especial feita pelo blog Canapi Agora com o apoio de voluntários mostrando como é a vida das famílias que esquecidas pelo governo e pela sociedade vivem em condições sub-humanas de moradia e conheça o projeto Casa Solidária que buscar mudar esta triste realidade.

Por: Redação
Créditos: Canapi Agora

Entre privilegiados e excluídos, Canapi que sempre sofreu as dores do egoísmo e da hipocrisia de muitos, hoje agoniza as consequências de um duro golpe provocado pela corrupção generalizada que de tão absurda e descarada foi destaque em rede nacional, o que não poderia ser diferente, afinal de contas, de operação Triângulo das Bermudas e Deusa da espada, a sanguessuga e gabiru, de tudo um pouco os canapienses já viram, porém, em contrapartida, o que talvez muitos não vêem ou fingem não enxergar é a terrível realidade de dezenas de conterrâneos que em pleno século XXI ainda vivem em condições sub-humanas de moradia e em completo estado de extrema pobreza em meio aos milhões de reais que escorreram pelo ralo da corrupção.

E foi com o objetivo de trazer a tona esta triste realidade, que o blog Canapi Agora com o apoio de voluntários visitou as comunidades de Poço do Boi, Boqueirão e Tupete para conversar com os protagonistas desta triste história de muita dor, revolta e sofrimento, famílias esquecidas pelo poder público e pela sociedade, que vivem a margem do direito, em moradias que mais se assemelham a apriscos para animas de pequeno porte, as conhecidas “casas de taipas” moradias que retratam o descaso e a insensatez dos “senhores do poder” que mesmo sem se importar com o sofrimento dos seus eleitores, poderiam ao menos respeitar Constituição do país que em seu artigo 6º estabelece que todo cidadão brasileiro entre outras garantias, tem direito a MORADIA, devendo o estado por obrigação promover a efetivação de políticas sociais públicas que torne acessível este direito.

A primeira comunidade visitada foi à comunidade Poço do Boi, onde fizemos vários registros fotográficos e conversamos com Dona Branca, uma mulher guerreira e batalhadora, que junto com seu esposo Helhinho e mais 09 filhos dividem três cômodos de uma residência que neste período de chuva sofre um enorme risco de desabar ameaçando sua vida, a do marido e dos filhos. “Com essas chuvas, já está com três dias que não durmo, tapando pingueira num canto e descobrindo em outro, e vendo a qualquer momento a casa desabar sobre nós” – Disse Dona Branca demonstrando enorme preocupação para com os próximos dias de chuva.

E a preocupação de Dona Branca é realmente um sério problema que precisa ser resolvido o quanto antes, tendo em vista que segundo as previsões meteriológicas, os próximos dias em Alagoas serão de fortes chuvas por todo o estado.

Pois bem; se encerrássemos por aqui esta matéria já seria o suficiente para “levantarmos a bunda” do conforto dos nossos lares e arregaçássemos as mangas para em união ajudarmos nossos conterrâneos, porém, a coisa ainda é bem pior, pois se engana quem acha que o grande problema que envolve famílias como de Dona Branca e seu Helhinho é apenas a falta de moradia, haja visto que para sustentar os 09 filhos a única renda da família é o beneficio do programa social Bolsa Família do Governo Federal, o qual consegue suprir o básico do básico da alimentação do casal e das crianças, mas que se resume a mesma refeição seja de manhã, tarde ou noite; (Farinha, Fuba, Arroz e Feijão) e isso, sem qualquer mistura, haja visto que somente quando vão a cidade sacar o dinheiro do cartão, ou seja, uma vez por mês, é que compram um frango. Não! Você não leu errado, é isso mesmo, é com o dinheiro que muitos gastam num único dia em uma “farrinha” em casa com os amigos, ou com aquela roupa nova que comprou só pra não repetir a que usou na ultima festa, que Dona Branca se alimenta junto com o esposo e os 09 filhos durante o mês inteiro. E é aquela carne que dizemos estar abusados de comer todos os dias, que eles tanto queriam saborear nem que fosse uma vez por semana.

Na casa de Dona Branca não existe um só aparelho de rádio, TV ou parabólica, não existe moto (ainda que fosse caindo aos pedaços) e nem mesmo bicicleta, o que existe de fato é uma estante velha na sala, duas cadeiras quebradas, uma mesa, um pote de barro, uma cama de casal e uma de solteiro com colchões que mais parecem tapetes de tão desgastados. As crianças dormem pelo chão ou amontoadas uma nas outras na cama de solteiro e na dos pais. A comida é feita no fogo a lenha dentro de casa sobre o risco de incêndio, pois Dona Branca até tem um fogão, porém, não tem botijão e quando teve nunca conseguiu manter a troca do gás.  E se o casal que nunca conseguiu comprar o gás, também não conseguiu manter a energia, que acabou sendo cortada por falta de pagamento. A casa também não tem banheiro e as necessidades fisiológicas são feitas ao ar livre no meio do matagal, pois um “emparado” feito de pano, sacolas e lona, um pouco afastado da residência é utilizado apenas para o banho.

Após conhecermos a triste realidade da primeira família visitada, nos despedimos de todos com um misto de sentimentos, indo do egoísmo a revolta e uma inquietação absurda a corroer nossas mentes, nos impondo a necessidade e obrigação de fazermos alguma coisa por essas famílias.

Fomos sacudidos por um choque de realidade, e acreditem se quiser, principalmente pela demonstração de fé dessas pessoas, por que não dizer, a verdadeira fé, pois apesar de todo sofrimento vivido, todas as famílias visitadas nos confessaram que não perdem a esperança de um dia morar com seus filhos em uma casa confortável onde sua maior preocupação seja apenas trancar as portas antes de dormir.

Saindo da casa de Dona Branca, notamos que ao redor da residência havia um bom pedaço de terra disponível para plantação, foi ai que perguntamos ao casal se não haviam plantado nada de modo a aproveitar o período de chuva, logo, seu Helhinho tratou de nos mostrar o quanto já havia plantado, ao tempo em que limpava outra parte de terra para ampliar a plantação. Ali tivemos a certeza que não estávamos diante de pessoas “acomodadas” com a miséria, mas de verdadeiros sofredores que por falta de oportunidades na vida, hoje pagam um alto preço, preço esse, que não desejam para seus filhos, todos matriculados e frequentando a escola.

Finalmente deixamos a casa de Dona Branca e partimos em busca de novas histórias, ou melhor, novos personagens de um “filme” onde os fatos narrados se repetem, a exemplo de uma irmã de Dona Branca mãe de 05 filhos e de Dona Damares, uma senhora idosa que já não lembra mais a idade, mas fez questão de nos mostrar sua humilde residência, um verdadeiro “aprisco”, onde se não conhecêssemos a absurda desigualdade social deste país, jamais imaginaríamos que ali residiria algum ser humano, porém, esta é a mais dura e cruel realidade, pois é numa “cabaninha” de chão de terra batida, com apenas três minúsculos cômodos que Dona Damares reside sozinha e Deus como ela mesma diz.

Logo ao entrarmos na humilde residência de Dona Damares nos deparamos com um pau colocado no meio da casa para segurar o telhado que ameaçava desabar, como ocorreu com parte de um quartinho ao lado do qual ela dorme, porém, sem nada poder fazer por ela naquele momento, só nos restou, ou ainda nos restou, a oração, e assim, oramos pedindo a Deus por sua vida e seguimos viagem, pois o tempo era curto e ainda tínhamos que visitar outros dois povoados, fizemos alguns registros fotográficos de outras residência de taipa ainda na comunidade e na volta, ao passarmos em frente à residência de Dona Damares a mesma nos parou e nos fez um pedido, queria uma cama e um colchão, pois a sua cama está quebrada e o colchão já não serve mais, não prometemos nada, porém, dissemos que iríamos fazer o que estivesse ao nosso alcance para conseguir, então finalmente deixamos a comunidade rumo ao povoado Boqueirão, onde encontramos Dona Nina, uma agricultora que assim como Dona Branca, reside em uma casa de taipa com o esposo e 09 filhos dos 14 que tiveram. Uma situação espantosamente semelhante a nossa primeira visita, haja visto a quantidade de pessoas na casa, a falta de renda, a estrutura da moradia, a falta do gás, o corte da energia por não conseguir pagar a conta, o fogo de lenha dentro de casa deixando toda a madeira completamente escura e sob o risco eminente de incêndio e desabamento em decorrência das fortes chuvas. Mas apesar da semelhança entre as famílias, uma coisa nos chamou bastante atenção ao entrarmos sala adentro da casa de Dona Nina, pois já na cozinha, tivemos que nos agachar para poder transitar no recinto devido o telhado ser muito baixo. Na hora da visita não encontramos o esposo de Dona Nina em casa e a mesma nos disse que ele havia saído cedo para trabalhar na roça.

Do Boqueirão, encerramos o nosso dia com uma visita ao povoado Tupete, desta vez, não, mas, com o objetivo de mostrar mais uma família em péssimas condições de moradia, pelo contrário, fomos conhecer uma família que teve sua vida transformada por um grupo de voluntários da Igreja Batista, alguns deles de fora do estado, que simplesmente se uniram, colocaram a mão na massa e construíram uma nova moradia para a família de Dona Maria que antes da ação, morava em uma casa de dois cômodos (sala e quarto) com seus 04 filhos e que assim como todas as demais famílias visitadas sobreviviam apenas do benefício do Bolsa Família do Governo Federal. Na ocasião, não encontramos Dona Maria em casa, porém, fomos muito bem recebidos pelo seu filho mais velho Maciel, que nos falou o quanto a vida dele, de sua mãe e seus irmãos mudou depois da construção da casa. “Antes da construção dessa casa, eu não tinha expectativa de vida pra nada, estava me entregando ao álcool, pois me revoltava vive naquela situação, onde a rua era muito melhor, hoje é diferente, sei que não moro numa mansão, porém, pra gente é uma mansão, que resgatou em mim o prazer de buscar ser uma pessoa melhor, dá um futuro melhor para minha mãe e meus irmãos e ajudar a quem precisa com fomos ajudados” – Disse Maciel.

Bom! Assim encerramos o nosso dia, porém, com a certeza que estamos apenas começando uma longa caminhada em busca de uma solução para tanta injustiça e sofrimento, a começar, cobrando junto às autoridades locais explicações sobre quais as providências que estão sendo adotadas para erradicar de vez as casas de taipa no município, e foi em busca destas respostas que tomamos conhecimento que o STTR – Sindicato dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Canapi, está viabilizando um projeto denominado - Programa Nacional de Habitação Rural criado em 2009 voltado para jovens e moradores de casas de taipa. A luta do STTR pela efetivação deste projeto vem desde 2013 em parceria com a Federação dos trabalhadores na Agricultura (FETAG) quando foi iniciada a fase de cadastro dos agricultores, porém, os seguidos escândalos políticos ocorridos na Presidência da República e nos Ministérios inviabilizaram a continuidade do projeto, contudo, ainda de acordo com o sindicato, atualmente as coisas começaram a se desenvolver e junto com a federação reorganizaram todas as pendências cadastrais de acordo com as novas normas na expectativa da contemplação de 36 casas de alvenaria, toda na cerâmica, com um banheiro, uma sala, uma cozinha, três quartos e cisterna, que o agricultor terá 04 anos de carência para começar a pagar, num total de R$ 1.380,00 (cada) dividido em 4 parcelas de R$ 345,00 reais/ano. O STTR reiterou, no entanto, que tudo depende do Governo Federal, e que mesmo apesar da atual conjuntura política do país vem buscando junto com a federação agilidade dos órgãos responsáveis, confiantes que o projeto se torne realidade.

Já a Secretaria Municipal de Assistência Social do Município, disse que a longo prazo já encaminhou toda a papelada para pleitear a implantação de um programa habitacional no município, e que para tomada de providências emergenciais aguardará a publicação desta matéria.

CONHEÇA AGORA O PROJETO: CASA SOLIDÁRIA 
Construindo sonhos, transformando vidas!



“Se alguém tiver recursos materiais e, vendo seu irmão em necessidade, não se compadecer dele, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra nem de boca, mas em ação e em verdade”. (1º João 3/17-18)

Objetivo: Construir casas de alvenaria em substituição as casas de taipas habitadas existentes no município de Canapi, bem como prestar assistência material e social as famílias.

Como contribuir
De duas formas: Ou com doação material e/ou em dinheiro comprando as camisas do projeto ao custo de R$ 50,00 cada.



Como acompanhar as doações
Fazendo parte do nosso Grupo Whatsapp (82) 981090678 (Marcio Martins) / 981137242 (Zé Maria) / 982259687 (Elianderson) 981221983 (Sergio Reis) e/ou acessando a Fanpage: Casa Solidária (em construção).






Nenhum comentário:

Postar um comentário

Para comentar neste blog preservando sua identidade, siga as seguintes instruções: Faça seu comentário, escolha a opção NOME/URL, escreva um pseudônimo (Ex: Estamos de olho), deixe a opção URL em branco e clique em publicar. Pronto! seu comentário será publicado e sua identidade totalmente preservada.

Fica vedado qualquer tipo de comentário anônimo ou que expresse alguma ofensa, calunia e/ou difamação contra qualquer cidadão ou homem público citado nas matérias e artigos de opinião deste blog, sendo de inteira responsabilidade do internauta qualquer publicação contrária as orientações aqui expressas.

Att;
A Redação - 11/01/2017

Contador de Acessos

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Art. 220º da Constituição Federal: A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

.

Usuários Online (Agora)