quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Matéria da revista Veja considera que em Canapi a dengue é praticamente uma tragédia à espera das primeiras chuvas para fazer vítimas.

Funcionário da Vigilância Sanitária em mutirão contra a dengue em Dourados (MS) Município está 5,5 pontos acima da faixa considerada de maior risco para a população. Confira a matéria completa publicada pela revista no inicio deste mês.

Por: Redação
Foto: Adelmir Almeida/AE

Risco de dengue: a culpa é dos governos municipais

Levantamento feito pelo site de VEJA revela que cidades com maior probabilidade de epidemia têm problemas de abastecimento de água e na coleta de lixo. Estudo mostrou que 73,9% dos focos do mosquito transmissor estão exatamente em depósitos de águas e no lixo.

A temporada de chuvas traz, além dos riscos de deslizamento e inundações em parte do Brasil, a preocupação com novos surtos e epidemias de dengue. Sim, ainda existem, em 2013, locais em que uma infestação de mosquito – o Aedes aegypti – pode matar ou tirar pessoas de sua rotina por algumas semanas. As campanhas de esclarecimento batem sempre na tecla dos “vasinhos de planta”, dos “pratinhos”, “pneus” e recipientes destapados, uma missão que os governos entregam aos moradores. São mensagens necessárias. Afinal, o mosquito da dengue é também doméstico, abriga-se em cantos e só nasce depois que os ovos entram em contato com a água. O que as campanhas não afirmam, mas está expresso nos números, é que os governos não fazem sua parte.
Para avaliar o risco de surtos e epidemias de dengue nas regiões, agentes vistoriam municípios para quantificar o número de imóveis com focos do Aedes e os locais em que eles estão dispostos. A reunião das análises compõe o Levantamento Rápido de Índice para Aedes aegypti (LIRAa). Segundo o ministério, quando são encontrados focos em menos de 1% das residências, a infestação é considerada satisfatória. Ou seja, não traz riscos iminentes. Índices entre 1 e 3,9% indicam situação de alerta. Já porcentuais de presença de focos do inseto em mais de 4% dos imóveis vistoriados indicam risco de surto de dengue. 
O último LIRAa, que reuniu resultados de vistorias realizadas em 1.315 cidades entre 1º de outubro e 8 de novembro, mostrou que 73,9% dos focos de Aedes estão localizados em depósitos de águas, como caixas de água, tonéis e galões (37,5%) e no lixo (36,4%). Ou seja, a cada 1.000 focos de dengue encontrados durante as vistorias realizadas no país, 739 existem por deficiências no abastecimento - que obriga moradores a improvisar - ou na coleta de lixo. São competências dos governos municipais, que segundo o artigo 30 da Constituição são os responsáveis por “organizar e prestar, diretamente ou sob regime de concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse social”, como o fornecimento de água encanada e a coleta de lixo.
Dos 157 municípios do país em situação de risco para dengue - com LIRAa maior do que 4 - apenas oito têm cobertura de fornecimento de água encanada e de coleta de lixo superior a 90%. Outras sete cidades têm a cobertura de um dos dois serviços superior a 90%. Os dados foram obtidos pelo site de VEJA, que comparou a lista dos 157 municípios com maior risco de dengue com os dados sobre fornecimento de água e coleta de lixo do censo 2010, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ou seja, só 5% das cidades com maior risco de surtos e epidemias de dengue têm níveis satisfatórios (acima de 90%) de serviços de abastecimento e coleta de lixo. 
O cruzamento de dados revela alguns casos extremos, onde a dengue é praticamente uma tragédia à espera das primeiras chuvas para fazer vítimas. Em Vertente do Lério, no Agreste pernambucano, o levantamento indicou índice de 17,4% – ou seja, em cada 100 casas vistoriadas, dezessete tinham pelo menos um foco de Aedes. No município, só 2% dos imóveis têm água encanada e apenas 41% têm coleta de lixo regular, segundo o Censo 2010. Em Canapi, município no semiárido alagoano, 26,4% dos imóveis têm abastecimento de água e 34%, coleta de lixo. A cidade, uma das que classificadas como em risco para dengue, foi verificado LIRAa de 5,5 - acima da faixa considerada de maior risco para a população..
As campanhas que convocam os cidadãos a lutar contra a dengue devem continuar. Mas definitivamente não será esta a única saída, pois a tática de deixar a cargo da população simplesmente não é eficaz: em dez anos, 3.547 pessoas morreram no país devido à dengue. Entre janeiro e outubro deste ano foram 573 óbitos – um aumento de 96% em relação ao mesmo período do ano passado.
“As pessoas só armazenam água em depósitos, como caixas de água, porque o fornecimento  não existe ou não é contínuo. Certamente, se elas não precisassem guardar água e se a coleta do lixo fosse feita de forma adequada, a incidência do Aedes aegypti e da dengue seriam fortemente reduzidas”, afirma o médico Edmilson Migowski, doutor em infectologia e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). “É preciso se discutir a causa do problema, não só as consequências, como a sobrecarga dos serviços de saúde e as mortes”.
“Uma boa política de combate à dengue tem que estar vinculada à coleta de lixo e fornecimento de água eficientes. Quando maior a cobertura desses dois serviços, menor o risco de epidemias de dengue”, afirma o professor titular de Epidemiologia da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Roberto Medronho, especialista em dengue. “Em regiões em que a oferta é menor do que 90%, a responsabilidade pelas epidemias é do governo”.
Especialista em dengue, Medronho publicou, em 2009, o artigo "Análise Espacial da Dengue e o Contexto Socioeconômico no Município do Rio de Janeiro", editado no The American Journal of Tropical Medicine and  Hygiene.  O trabalho, realizado a partir da análise de dados de uma pesquisa realizada na Baixada Fluminense, concluiu que “problemas relacionados ao saneamento básico contribuem decisivamente para o aumento do risco da doença”.
Nordeste - Os dados divulgados pelo Ministério da Saúde apontam que nas regiões em que há mais problemas de abastecimento, como no Nordeste e no Norte do país, o percentual de focos do Aedes encontrados em depósitos de água foi de 75,9% e 37,5%. No Sul e no Centro-Oeste, os criadouros predominam no lixo, com taxas de 81% e 49,7%, respectivamente.
“Os políticos no Brasil, infelizmente, pensam a curto prazo e o impacto do saneamento ultrapassa o mandato. Isso é perverso porque em vez de investir em saneamento, que reduziria de forma muito importante não só a incidência da dengue, mas de outras doenças, os gestores preferem fazer o trabalho paliativo, que aparece mais”, afirma Medronho.
Procurado pelo site da VEJA, o Ministério da Saúde não indicou um representante para comentar os dados. Até o início da noite de sexta-feira, o órgão também não respondeu os questionamentos solicitados pela reportagem. Uma das perguntas que ficou sem resposta foi o critério para os repasses destinados aos estados e municípios. Além de questões relacionadas à fiscalização da aplicação de verba destinada ao controle da doença. Este ano, estados e municípios receberam 363 milhões de recursos adicionais destinados às ações de vigilância, prevenção e controle da dengue, valor 110% maior do que o disponibilizado em 2012. 

2 comentários:

  1. Conforto-me com tal assunto, sei e vejo que em Canapi o prefeito se preocupou com os pontos citados. Se o assunto é limpeza e lixo o prefeito fez e está fazendo uma coleta de lixo decente e que continua desde o início deste ano. Se o assunto é esgoto vemos o prefeito fazendo, junto com o governo federal, um ótimo trabalho pelo saneamento básico aumentando a capacidade de linhas de coleta de esgoto evitando a acumulação de esgoto a céu aberto. E se o assunto for conscientização da população, já vimos a secretaria de saúde a frente de movimentos com o tema da dengue, assim informando a todos a importância desse assunto e os cuidados a serem tomados. Está aí, para todo mundo ver, se alguém discordar as obras estão aí sendo feitas, não falo mentiras mas apenas aquilo que qualquer um de bom senso pode observar,independente de política. O que não podemos fazer é julgar e sem pesquisar e ver os fatos, mostrem tais fatos e falem o que acontece que aí sim, pois a interpretação do caso é de cada um, é indiscutível. Abraço Márcio

    ResponderExcluir
  2. Canapi na mídia... Só se o assunto for coisa errada e desagradável! kkkkk

    ResponderExcluir

Para comentar neste blog preservando sua identidade, siga as seguintes instruções: Faça seu comentário, escolha a opção NOME/URL, escreva um pseudônimo (Ex: Estamos de olho), deixe a opção URL em branco e clique em publicar. Pronto! seu comentário será publicado e sua identidade totalmente preservada.

Fica vedado qualquer tipo de comentário anônimo ou que expresse alguma ofensa, calunia e/ou difamação contra qualquer cidadão ou homem público citado nas matérias e artigos de opinião deste blog, sendo de inteira responsabilidade do internauta qualquer publicação contrária as orientações aqui expressas.

Att;
A Redação - 11/01/2017

Contador de Acessos

LIBERDADE DE EXPRESSÃO

Art. 220º da Constituição Federal: A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.

§ 2º - É vedada toda e qualquer censura de natureza política, ideológica e artística.

.

Usuários Online (Agora)